quinta-feira, 6 de março de 2014

Confira os depoimentos dos passageiros do catamarã que afundou em Búzios

Na imagem, é possível ver a ponta do catamarã
(Foto: Alessandra Cruz)
Um catamarã afundou próximo à Ilha Feia, em Búzios, na tarde desta última segunda-feira. Havia 35 pessoas na embarcação, mas todos conseguiram se salvar. Confira abaixo o depoimento de alguns deles.

Luiz Henrique - Rio de Janeiro
"Começou a entrar água, muita água, muita água, e o capitão disse que aquilo era normal e que não tinha problema não, que não iria afundar a embarcação. Depois ele foi o primeiro a cair fora, desligou os motores e saiu correndo. Estava meio embriagado, tinha cheiro de álcool. Os coletes estavam escondidos debaixo dos bancos e não queria dar colete pra ninguém. Falou que não precisava de coletes não, a gente que teve que tirar os coletes".



Reinaldo Pereira de Pinho - Rio de Janeiro 
"Começou a entrar um pouco de água e começaram a tirar com balde, achamos estranho mas não ligamos tanto. Quando ele (o piloto) saiu começou a entrar mais água, mais água, e quando vi já tinha muita água onde fica o visor de ver os peixes. Eu avisei: 'irmão, tá entrando muita água'. Tem uma entrada lateral do barco, por entra os passageiros, e começou a entrar muita água por ali. E foi tombando, tombando,
tombando, e acabou que começou a afundar e o pessoal começou a pular. Tinha 15 botes salva vidas normal e ele (o piloto) não queria liberar os outros botes porque eram novos. Começamos a tirar e dar para as pessoas que foram pulando. As crianças fomos tirando primeiro, minha avó com 80 anos, e ficamos lá boiando. Um veleiro pequeno parou e começou a pegar as crianças e o pessoal mais adulto voltou para embarcação e começou a pegar as coisas. O piloto estava consumindo bebida alcoólica e a Marinha
nada fez, não apareceu e não prestou socorro. Quem socorreu foram as pessoas que estava passando. Tinha uma senhora de 80 anos e nove crianças de 10 anos para baixo. O barco não bateu em nada. Já tinha um vazamento".

Luis Gustavo - São Paulo/ Piloto de avião
"Na Ilha Feia já estava entrando água. O cara numa dessa vê que vai da merda passa um rádio e chama uns três ou quatro táxis põe todo mundo dentro, leva todo mundo para o cais, devolve o dinheiro, resolve o que tem de resolver e não perderia nem o barco. Não teria delegacia, não teria TV Globo como teve. Mas esperou até o último momento. Sobre ele estar bêbado eu não posso afirmar porque não vi. Ele estava navegando paralelo as ondas, estava estranho. Quando ele olhou o fundo, e eu estava no fundo e vi a água antes deles avisarem. Quando eu vi, já virei, peguei o colete, coloquei em mim e na minha esposa e começou a afundar. O cara esperou até o último momento para dizer que não dava mais. Ele estava lidando com vidas, quando ele achou já deveria ter dito. Eu não vi o lance do balde porque eu já estava na água. O cara tem de ter um treinamento, o emprego dele estava na reta e ele não fez nada. Mas não posso afirmar que estava bêbado. Foi imprudência e por sorte que ninguém morreu. Nenhum acidente de avião acontece por menos de cinco "cagadas", não sei se é assim com o barco. Mas acredito que deve haver mais de uma causa para isso. O meu salva vidas tive que tirar do plástico, o cara me disse que não podia tirar e eu disse: 'fo***!'. Por um triz não morremos, muita imprudência. Imagina o desespero dos pais que tiveram que jogar os filhos no mar? Ainda bem que ele desligou o motor porque nosso medo era sugar as crianças".

Por Alessandra Cruz :: UVA PASSA

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