terça-feira, 1 de abril de 2014

Coluna UVA PASSA

Por Augusto de Carvalho
Jornalista

MANIFESTAÇÕES POPULARES

O fato é que ninguém no nosso país está preparado para entender e dar pronta resposta para as manifestações populares, que começaram em junho do ano passado. Elas aconteceram e ganharam uma proporção gigantesca. O último fato histórico visto no Brasil de grande magnitude foi a Diretas Já (1983-1984), movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas.

Os jovens que ganharam as ruas nunca tinham presenciado, ainda, o poder da população unida quando quer reivindicar direitos. O mais interessante do ocorrido, que vai ficar marcado em nossa história, é que a ferramenta utilizada foram mídias sociais (web) e sem ideologia política partidária.

A causa parceria sem relevância: os manifestantes questionavam o aumento no transporte público em R$ 0,20. O que muitos não entenderam e entendem é o que esta nas entrelinhas da reivindicação. O que eles querem, a massa trabalhadora e que sustenta o país com seus impostos, é dar um NÃO ao desrespeito por que eles passam todos os dias quando têm que se locomoverem pelas cidades.

A insatisfação solitária diante do computador, smartphone, tablet foi ganhando volume e do virtual para as ruas. O fato é que grandes aglomerações geram sempre problemas de ordem diversa e de opiniões. O que não se pode é dizer que o fato atual vivido em nossas cidades é culpa dos “vândalos”. Corrupção não é um ato de vandalismo? O presidente do Senado fazer uso do jato da FAB para tratamento estético não é vandalismo? Os condenados do mensalão estarem recebendo um tratamento diferenciado ao do cidadão comum não é vandalismo? Um condenado ter direitos políticos e ainda direito a aposentadoria como deputado federal não é um ato de vandalismo?

O fato recente da morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, em uma manifestação está tirando o foco do problema que o país está vivendo, mas insiste em varrer para debaixo do tapete. Os envolvidos têm que pagar pelo crime e ponto final. Mas não precisamos crucificá-los. Não precisamos de mais leis. Não acredito que o intuito fosse ferir alguém como está sendo amplamente divulgado pela mídia. Se existe envolvimento político para promover a desordem tem que ser investigado e os envolvidos enquadrados nas leis vigentes.

Estamos com uma insatisfação crescente e não está sendo ouvida pelas autoridades competentes. O que estão esperando? Uma revolução cível?

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