Por
Augusto de Carvalho
Jornalista
MANIFESTAÇÕES POPULARES
O
fato é que ninguém no nosso país está preparado para entender e dar pronta
resposta para as manifestações populares, que começaram em junho do ano
passado. Elas aconteceram e ganharam uma proporção gigantesca. O último fato
histórico visto no Brasil de grande magnitude foi a Diretas Já (1983-1984),
movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas.
Os
jovens que ganharam as ruas nunca tinham presenciado, ainda, o poder da
população unida quando quer reivindicar direitos. O mais interessante do
ocorrido, que vai ficar marcado em nossa história, é que a ferramenta utilizada
foram mídias sociais (web) e sem ideologia política partidária.
A
causa parceria sem relevância: os manifestantes questionavam o aumento no
transporte público em R$ 0,20. O que muitos não entenderam e entendem é o que
esta nas entrelinhas da reivindicação. O que eles querem, a massa trabalhadora
e que sustenta o país com seus impostos, é dar um NÃO ao desrespeito por que
eles passam todos os dias quando têm que se locomoverem pelas cidades.
A
insatisfação solitária diante do computador, smartphone, tablet foi ganhando
volume e do virtual para as ruas. O fato é que grandes aglomerações geram
sempre problemas de ordem diversa e de opiniões. O que não se pode é dizer que
o fato atual vivido em nossas cidades é culpa dos “vândalos”. Corrupção não é
um ato de vandalismo? O presidente do Senado fazer uso do jato da FAB para
tratamento estético não é vandalismo? Os condenados do mensalão estarem
recebendo um tratamento diferenciado ao do cidadão comum não é vandalismo? Um
condenado ter direitos políticos e ainda direito a aposentadoria como deputado
federal não é um ato de vandalismo?
O
fato recente da morte do cinegrafista da Band, Santiago Andrade, em uma
manifestação está tirando o foco do problema que o país está vivendo, mas
insiste em varrer para debaixo do tapete. Os envolvidos têm que pagar pelo
crime e ponto final. Mas não precisamos crucificá-los. Não precisamos de mais
leis. Não acredito que o intuito fosse ferir alguém como está sendo amplamente
divulgado pela mídia. Se existe envolvimento político para promover a desordem
tem que ser investigado e os envolvidos enquadrados nas leis vigentes.
Estamos
com uma insatisfação crescente e não está sendo ouvida pelas autoridades
competentes. O que estão esperando? Uma revolução cível?
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